Receptor de Conversão Direta
Os receptores de conversão direta diferem dos super-heteródinos por operarem com um oscilador sintonizado exatamente na mesma frequência do sinal que se deseja receber, convertendo-o diretamente para a faixa de áudio. Nos receptores super-heteródinos, a frequência do oscilador local é deslocada em relação à frequência de sintonia, gerando uma Frequência Intermediária (FI) após o processo de mistura. A FI passa por diversos estágios de amplificação e filtragem antes da demodulação final do sinal de áudio.
Nos receptores de conversão direta, por outro lado, o oscilador opera exatamente na frequência do sinal de entrada. Quando este é combinado no mixer de radiofrequência, a frequência portadora é suprimida e restam apenas os componentes de áudio modulados, que são extraídos diretamente. Esse tipo de arquitetura simplifica o circuito e reduz a necessidade de filtros complexos, embora seja mais sensível a interferências e ruídos.
Esquema do Circuito
Durante minhas experiências com receptores experimentais, este foi um dos melhores circuitos que testei para a banda de FM. Ele é uma adaptação para o transistor NPN BF199, baseada no circuito original encontrado no site VA3IUL.
O circuito é composto pelos seguintes blocos principais:
- Oscilador Local (Q2 e Q3): A configuração desse oscilador é particularmente interessante, garantindo a estabilidade necessária para uma boa conversão do sinal.
- Amplificador e Misturador (Q1): O transistor Q1 amplifica o sinal de RF recebido pela antena e realiza a mistura com a frequência do oscilador, gerando o sinal de áudio na saída.
- Bobinas: Podem ser enroladas manualmente em um lápis, ajustadas para otimizar a recepção na faixa desejada.
- Potenciômetro de Ajuste: Deve ser calibrado até que se atinja o ponto ideal de mistura, garantindo a melhor qualidade do sinal de áudio.
O esquema abaixo ilustra o funcionamento do circuito:
Oscilador
O oscilador se parece muito com a configuração flip-flop a transistor adicionado de realimentação através de L2 e C5. Quando o circuito é ligado somente Q3 conduz, devido a polarização de sua base com a corrente proveniente de RV1 e R6 e uma pequena fração do sinal de RF através de Q1. L2 e C3 começam a entrar em ressonância com tensão muito baixa inicialmente. A corrente de oscilação de L2 e Q3 começa a subir elevando cada vez mais a amplificação de Q3.
Quem se interessou pelo oscilador siga o link com a versão dele no simulador Falstad.
Os receptores de conversão direta são uma excelente opção para quem deseja um design mais simples e eficiente para recepção de sinais de AM, CW e SSB. Apesar de suas limitações em relação à rejeição de sinais espúrios e ao isolamento de interferências, eles continuam sendo uma alternativa viável para aplicações de radioamadorismo e experimentação eletrônica.
Este circuito, em particular, mostrou-se robusto e eficiente nos testes, sendo um excelente ponto de partida para quem deseja explorar mais sobre a técnica de conversão direta na recepção de sinais de RF.